segunda-feira, 23 de junho de 2014

Devolução

_ Eu estou meio assustada.

_ Eu também. Não sei dizer. Você é frágil, com uma pureza emotiva linda. Eu amo isso. Eu queria te abraçar te tocar. Mas tinha que fazer direito. Queria que fosse especial. Aproximar de você devagar.

_ Quero te abraçar e fazer você ficar.

_ Eu deixo você entrar.
Amanhã, se tudo não passasse de um sonho, qual a última coisa que você ia querer falar pra mim?

_ Que pergunta difícil.

_ Eu sei. Mas fala pra mim

_ Que você foi meu infinito durante o tempo em que estive contigo. Acho que diria isso.

_ Sei lá. Acho que tô com uma flecha vermelha atravessada.

_ E o que você diria pra mim?

_ Eu não consigo traduzir... Eu diria obrigado. Por me dar esperança.
Quero uma escada rolante. Pra beijar você parado em movimento. Em público. A cores. Sentir seu sabor. E que o tempo pare. Que se dane tudo. Iria para o limbo.


No cômodo vazio da biblioteca voltei ao mundo real. Havia um silêncio tortuoso que foi cortado pelo meu suspiro. Haviam lágrimas brotando em meus olhos. Os mesmos focavam o nada. O pensamento? Longe.
Eu tinha que devolver o livro. O tal exemplar raro. O lugar dele não era comigo. Eu só havia pegado emprestado. Gostaria de ter tido mais tempo com ele,  terminado a leitura e desvendado personagens. Era uma história instigante. Era como se eu vivenciasse de verdade tudo aquilo. Mas eu sabia que tais coisas não existiam.  Não sei se ainda o encontrarei disponível, se ele ainda estará lá, empoeirado, despercebido. Aprendi algumas coisas nesse tempo achado. Acho que talvez eu tenha encontrado minha segunda ponte.

Fim?

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