A gente entrega uma cópia da chave da porta não se dando conta que as pessoas decidem partir, se esquecendo por muitas vezes de devolver todas as chaves. O coração fica ali, trancado, se sujeitando a tentativas falhas de que outra chave possa vir a destrancá-lo e fazer o ar ficar brando novamente ... pro mundo ... pra ela/ele. E tudo dói, tudo fico turvo ... confuso.
Será que a vida teria graça se as coisas fossem menos complicadas? Será que o sofrimento ia ser menor? Será que a aprendizagem ia ser a mesma toda vez que a gente tivesse que cair? Será que sentimentos iam ser intensos? Será que as pessoas iam se gostar mais ou menos?
Tantas perguntas, tantas dúvidas e poucas respostas. A razão e o coração continuam batalhando. Sempre. Tenho medo de dar ouvidos a um deles e ser só solidão. E se a felicidade escapar? Tenho medo da dúvida do "E se..." . Sinto-me pequena agora. Sinto minha alma encolhida, como um feto. Com medo do mundo, com medo da dor que ela possa sentir ... e chora.
Me traz a serenidade de novo? Não me faça promessas, mais não me basta o sorriso no rosto, eu quero ele de novo lá dentro da alma, do coração. Me surpreenda, me reconquiste. Me faça sentir mulher e não uma garotinha medrosa. Quero poder lhe dar as mãos, cruzar meus dedos nos seus, abraça-lo e ter a certeza que estamos caminhando nessa estrada cheia de cacos juntos.
Um dia alguém levou a minha chave. Aqui ficou tudo negro, deu poeira, deu mofo e doeu, doeu muito. Mais o trinco, enferrujado, se deixou quebrar e eu pude me permitir. É o ciclo. Acredito e tenho a convicção que estamos aqui pra isso, pra compreender a lidar com a dor, o tormento de cada partida, da saudade, da mágoa. E o amor? Acho que ele é o prêmio que se ganha quando a gente aprende ...
... só queria olhar pro seu sorriso metálico agora, te abraçar pra esquecer os meus anseios e dormir em paz
Etiene Ferreira