segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Sobre partidas


A vida é assim, em um instante estamos, somos. Em outro já viramos apenas lembrança, constelação.
Partimos para outro lugar, pra um infinito. Um lugar que vai além de onde imaginamos e que ninguém em vida sabe como chegar.
A verdade é que acho que ninguém nunca estará preparado para deixar alguém, seja lá de que maneira essa pessoa  parta, seja em vida ou além dela. Deixamos sempre saudade,  um pedaço dentro, algo amarrado na alma.
A gente chora tentando entender coisas que não se explicam, tenta aceitar que tinha que ser assim. Realmente havia de ser. É o fluxo, a cadeia das coisas, o efeito borboleta.
E o que importa são os momentos bons que ficam em lembrança.
Momentos como o dessa fotografia, que ao olhar, me faz recordar daquele dia inteiro. Dos caranguejos na lama, do cachorro gigante aos meu olhos tão pequeninos, da escada na piscina que eu não podia soltar. Do pavão relutante a abrir suas penas para posar para uma fotografia que não podia ser desperdiçada em um clique qualquer de um filme de 25 poses.
E lembro também de uma casa. De uma escada enorme que sempre parávamos no meio do caminho pra descansar. Eu sempre tão pequena achava que podia enxergar o mundo lá de cima. Lembro da sua cama de colchão d'água e da banheira do  banheiro do seu quarto. Eu achava aquilo tudo um máximo. Lembro que quando seu filho mais novo nasceu  eu achei o nome dele engraçado porque me fazia lembrar dos Thunder Cats. Coisas de criança.
Eu cresci, o tempo de tanta inocência se foi e hoje sei que a verdade é que nunca gostei de despedidas, de nenhum tipo, não sei lidar muito bem com elas.
Em menos de um ano, se eu não estiver enganada, algumas pessoas do meio familiar se foram. Apesar de não ter contato a um tempo com nenhuma delas é sempre estranho pensar que não vou vê-las em nenhum outro momento em vida. E o quão doloroso possa ser para os mais próximos.
O que estranhamente me deixa feliz é saber que posso recorda-las de uma forma diferente. Lembrar de um sorriso, uma brincadeira, ou com qualquer outro momento de contentamento.

É isso.

Dedicado à meu tio Edilson, meu primo Robson e minha prima Roseane.

Brilhem onde estiverem.

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